Você se prepara para fazer o que você tem pra fazer?

Sei que a ideia de “se preparar” deve ser diferente pra muita gente. Mas quando eu falo de “se preparar” é estar de posse das informações necessárias para realizar a sua atividade, ter tido um tempo para definir o melhor método, a melhor estratégia e assegurar o melhor plano de ação.

Em cada atividade, isto funciona de um jeito. Mas vou dar aqui alguns exemplos.

Você que cozinha… O que significa se preparar para fazer o que você tem que fazer? Significa que você decide com antecedência o que vai cozinhar, verifica se tem todos os ingredientes disponíveis, separa esses ingredientes… Faz uma estimativa de quanto tempo precisa para preparar a refeição ou a receita e organiza seu horário para dar conta dentro do prazo necessário.

Se você é professor, estar preparado não significa apenas ter formação e repertório. Significa que você tem o conteúdo planejado, dentro dos objetivos estabelecidos. E para isso, a aula acontece, primeiro, na sua cabeça. E aí você prevê possíveis exemplos, prepara atividades, perguntas… E prevê inclusive situações inesperadas.

Gente, isso vale para tudo.

Por mais domínio que você tenha de uma atividade, você fará com mais qualidade se estiver preparado para ela. O pedreiro, por exemplo, pode ser excepcional em suas habilidades. Mas estar preparado significa saber, com antecedência, por exemplo, quando o dono da obra que terá que comprar o saco de cimento para não atrapalhar o andamento do serviço.

Se vai cantar na igreja, por melhor cantor que seja, significa ensaiar antes e fazer passagem de som – com tempo, com antecedência.

A gente poderia seguir aqui dando inúmeros exemplos. Mas acho que você já entendeu.

Não basta ser especialista, é preciso se preparar para a execução de sua tarefa. Imagina só um cirurgião que não pede os exames antecipadamente ou não confere se todos os instrumentos e equipamentos estarão disponíveis? Qual a chance de ter sucesso?

Tá entendendo?

Se preparar para fazer o que tem que ser feito não tem a ver apenas com reunir as habilidades necessárias na atividade que você especialista.

Na verdade, o maior risco que o especialista corre é se acomodar. Por dominar o assunto, o especialista pode esquecer de se preparar para a execução das tarefas específicas.

Eu já fiz isso. Por dominar algumas áreas, já realizei entrevistas sem me preparar, já subi ao palco sem estudar o roteiro do evento… E, posso garantir a você, não foi legal. Ninguém reclamou, mas eu sei que poderia ter feito melhor se tivesse me preparado.

E é aqui que está a chave: não significa que você não saiba fazer. Às vezes, sabe. Mas, se preparando, pode fazer melhor. Pode realizar com excelência.

Por que ser mediano, se você pode ser excelente?

Eu sei que nem todos os dias estamos bem. Mas também sei que, frequentemente, podemos fazer melhor. Basta nos prepararmos para nossas atividades.

Eu tenho um tio, já aposentado, que durante muitos anos trabalhou como mecânico numa indústria. E todos os dias ele tinha um ritual: ao final do dia, verificava todas as ferramentas, conferia o funcionamento delas, limpava, organizava e deixava tudo certinho, na caixa, para o dia seguinte.

É isso, gente!

Você se prepara para fazer o que você tem pra fazer?

O preparo adequado pode estar nas roupas que precisa usar, na organização das ferramentas, no estudo do ambiente, na sondagem das necessidades do cliente…

Pegou a ideia?

Lembre-se: ainda que você seja um excelente profissional, prepare-se antes da realização de seu trabalho, de sua atividade.

O que é bom pode ser ainda melhor!

Não controlamos os sentimentos do outro, mas devemos amá-lo

Não temos controle do tempo. Não controlamos nosso futuro. Não temos o controle do outro. Não temos como controlar o sentimento do outro por nós!!

Tem alguém que você gostaria que te amasse?

Recordo agora do filme “Todo Poderoso”. É uma obra de ficção.

No filme, Deus entrega a um homem todos os seus poderes. O personagem do ator americano Jim Carrey, o repórter Bruce Nolan, ganha do próprio Deus a chance de se tornar o “todo poderoso”.

Quando Deus dá as últimas recomendações a Bruce, alerta: ele pode tudo, menos tocar no livre arbítrio do ser humano. Ou seja, a escolha sempre será dos indivíduos.

E é justamente essa incapacidade que fragiliza Bruce. Por quê? Porque o personagem quer fazer com que sua namorada volte a amá-lo, mas não pode, não consegue.

Quando um amor não é correspondido, muitas vezes a pessoa gostaria de ter o poder de controlar os sentimentos do outro.

Temos em nós uma carência inata: desejamos ser amados.

Nossa busca por sermos amados nos faz semelhantes a uma criança de três anos de idade que grita pela mãe quando precisa dela.

Por vezes, nos limitamos, nos apequenamos, na busca por ser amados. Agimos e deixamos de agir preocupados em ganhar ou ter o amor do outro.

E isso acontece porque há um vazio em nós que reclama a presença e o amor de outras pessoas. É o amor do outro que nos humaniza e dá sentido a nossa existência.

O filósofo Erich Fromm, em seu livro “A arte de amar”, ressalta que nós só somos felizes quando estamos unidos aos outros.

Por isso, mesmo quem parece autossuficiente, frequentemente, esconde uma profunda necessidade de conexão e aceitação. Aqueles que parecem não precisar de ninguém estão, em sua essência, buscando formas de preencher esse vazio emocional.

Quem afasta, quase sempre, mascara certa raiva de não ser amado, de não ser querido.

Porém, ninguém tem controle dos sentimentos que o outro têm por nós.

Seria maravilhoso se todos os colegas de trabalho nos admirassem… Na escola, seria fantástico, para o professor, ter a aprovação de todos os alunos… Ou, para o aluno, ser o queridinho da professora. Mas não é assim que funciona.

Nem o amor de um filho por sua mãe… Ou da mãe por um filho é um fato natural. O amor não é genético.

Em nossas relações, seremos amados e odiados; desejados ou rejeitados.

E o que nos cabe fazer? Amar. Para o cristão, esta é uma condição essencial.

Amar com troca, não é amar. E só ama, de fato, quem é bem resolvido, quem tem amor.

Mas aqui um alerta: amar o outro não é se tornar refém do outro. Amar não é ser refém do outro e nem se submeter às agressões do outro. É possível amar à distância, quando necessário. Você ama estando disponível, você ama quando deseja o bem, quando cuida, quando não destrói, quando não cobra e nem impõe condições.

Você ama, mas deixa o outro livre. Livre para amar – ou não.

Quando compreendemos isso, também nos libertamos. Cuidamos mais de nós mesmos e nos preocupamos menos com o que os outros sentem por nós.

E sabe o que é mais incrível? Quando somos bem resolvidos no amor, recebemos amor autêntico.

Portanto, entenda: amar verdadeiramente é saber que a liberdade é solo fértil para o crescimento do amor.

Ao aceitar essa verdade, também nos libertamos das correntes das expectativas e permitimos que o amor, em sua forma mais pura, nos transforme e aperfeiçoe o nosso caráter.

Se você está sobrecarregado, reconheça os seus limites!

Se você deseja construir espaço em sua vida para aproveitar o melhor da vida, de forma equilibrada e feliz, do jeitinho que Deus sonhou para você, você precisa se lembrar de que é apenas humano. Você não é um deus invencível e tem limitações!

O Salmo 119:96 traz uma afirmação preciosa. Numa das versões que gosto, o salmista diz: “Percebi que tudo tem limites”.

Às vezes, a gente acha que pode tudo. E não faltam pessoas espalhando a ideia de que podemos tudo… Dizendo que se a gente não tem uma vida incrível, é porque a gente ainda está no processo, precisar seguir lutando até alcançar o nosso melhor.

Mas esse discurso frequentemente omite a grande verdade: temos limites.

Eu acredito no esforço. Defendo a importância de se esforçar. Mas gente que se conhece é gente que também sabe qual é o seu limite. Em tudo que fazemos, devemos dar o nosso melhor. Mas dar o nosso melhor significa dar o que temos; não aquilo que não temos.

Deus é quem estabeleceu os limites para o nosso bem, porque ele nos ama. Por isso, em vez de lutar contra esses limites, precisamos aceitá-los.

Infelizmente, muitas vezes subestimamos nossos limites como seres humanos. Superestimamos nossas habilidades e subestimamos os obstáculos e o tempo necessário para realizar uma tarefa.

Vivemos em uma cultura que nos diz constantemente: “Você pode fazer tudo! Você pode ter tudo! Você pode ser tudo!” Mas volto a dizer: isso não é verdade. Você pode ser tudo o que Deus quer que você seja, mas existem limitações em sua vida.

Em primeiro lugar, você tem limitações físicas. Não é possível passar seis meses sem comida, não importa o quanto você tente. Não é possível sequer ter saúde se você não se alimentar direitinho todos os dias. Se não ingerir a quantidade necessária de alimentos, vai adoecer e pode morrer. Então, entenda, mesmo o pensamento mais positivo não pode superar seus limites físicos.

Segundo, você também tem limitações emocionais. É difícil reconhecê-las em nossa própria vida. Mas existem limites emocionais. Muitas pessoas tentam resolver seus próprios problemas e os problemas de outras pessoas. Vão absorvendo mais e mais problemas e, quando se dão conta, estão doentes. Por isso, reflita, quantos problemas emocionais você pode suportar? Provavelmente, não tantos quanto você imagina.

Terceiro, você também tem limitações mentais. A mídia bombardeia nossa mente com novas informações constantemente. Como resultado, muitas pessoas estão mentalmente exaustas e não conseguem lidar com mais nada. As pessoas estão quase surtando com tanta coisa e ainda sob pressão para saberem coisas que, inclusive, não farão diferença alguma em suas vidas.

Entenda, nosso cérebro consegue absorver muita informação, mas ele tem limites.

Quarto, você tem limitações de habilidades. Por mais que seja possível aprender praticamente tudo, repare, algumas coisas são fáceis demais para você; outras não. Tem coisas que você faz porque precisa fazer, mas te dão muito trabalho. Talvez se comunicar seja fácil demais para você, mas organização e planejamento são coisas que simplesmente não funcionam na sua vida. Noutras palavras, temos alguns dons; e outros dons, não temos.

Quinto, um limite obvio, mas que geralmente fazemos questão de ignorar. E ao ignorar, sofremos com ansiedade, estresse e não vemos a vida passar. De qual limite estou falando? Do tempo. Você e eu temos limitações de tempo. Não importa quantos cursos de gestão do tempo você faça, sempre terá apenas 24 horas por dia e precisará dormir em parte desse tempo.

Ou seja, o tempo é um limitador. Tem coisas que você simplesmente terá que deixar de fazer porque falta tempo. E se não entender isso, não aceitar que algumas coisas precisam ficar fora da sua rotina, nunca vai viver bem – nunca será feliz e nunca terá bons relacionamentos.

Bom, você pode estar pensando: “Seria ótimo se Deus me avisasse quando estou chegando ao meu limite”.

Deus já nos deu um sinal de alerta! Isso se manifesta de diferentes maneiras: dor, cansaço, estresse, perda de alegria, irritabilidade. Quando você sentir qualquer um desses sintomas, é bem possível que você está sobrecarregado e ultrapassou algum tipo de limite em sua vida.

Pegou a ideia?

Quer construir uma vida boa, abundante, feliz? Reconheça seus limites; dê o seu melhor, mas não esqueça que você também precisa se respeitar. E ao se respeitar, descanse.

Saúde do cérebro: 8 hábitos que você precisa abandonar para garantir a saúde do cérebro

Você sabia que nossos hábitos podem prejudicar o cérebro?

Eu já falei aqui em diferentes ocasiões sobre a saúde do cérebro. Já ressaltei inclusive que, mais do que cuidar do corpo, precisamos cuidar da saúde do cérebro. E isto com o objetivo de preservar a qualidade cognitiva durante o envelhecimento.

A ciência não pode garantir que ao adotar certas práticas você vai preservar a saúde do cérebro. Mas a ciência já demonstrou que certos hábitos ajudam – e muito – a manter o cérebro ativo, saudável.

E a ciência também tem demonstrado que algumas práticas são muito nocivas. Ou seja, quer estragar o cérebro? É só manter os prejudiciais.

Dias atrás, o jornal O Globo publicou uma lista com hábitos do cotidiano que fazem mal para o cérebro.

E quando falo de hábitos do cotidiano, estou falando de coisas que você e eu, sem perceber, às vezes, fazemos.

Eu separei 8 hábitos e vou listar pra você!

Primeiro – Estar acelerado durante o dia todo.

Já comentei aqui que tenho uma rotina puxada. Mas organizo tudo para não viver de forma acelerada. Você pode ter apenas uma hora pra almoçar. E está tudo bem, desde que você use a hora que você tem pra almoçar e cuidar de você.

Nem todo mundo faz isso. Muita gente não organiza seus horários. Muita gente vai assumindo compromissos, atropelando os horários… E, sem rotina, passa o dia todo em ritmo intenso, e com a ansiedade a mil. Isso não faz bem: o estresse crônico afeta diretamente o córtex pré-frontal, área responsável pela memória e pelo aprendizado.

Segundo – Não fazer exercícios físicos.

Fazer exercícios não tem a ver apenas com o cuidado do corpo.

Quando você se exercita, você cuida do cérebro. “Quando alguém está em boas condições físicas, a incidência de distúrbios de memória é reduzida em 50%.”, aponta a ciência.

Terceiro hábito nocivo ao cérebro – Fazer jejum intermitente.

Já notou que esse negócio de “jejum intermitente” anda na moda? Pois é, gente. É moda. Deixar de comer direitinho reduz o fornecimento de energia para o cérebro.

Sem ser alimentado pela energia que vem dos alimentos, o cérebro tem que buscar energia noutro lugar. E isso gera um desequilíbrio, inclusive hormonal.

Quarto – Comer muito açúcar.

O cérebro precisa de açúcar, porque o açúcar é fonte de energia. Mas existe açúcar em vários alimentos. Além disso, quando o açúcar é consumido em excesso, o cérebro entra num processo de dependência.

E o pior: o açúcar ajuda no desenvolvimento de doenças crônicas, como a diabetes.

Quinto – Isolar-se da vida social.

Quem se isola, perde a chance de assegurar um movimento fundamental para o cérebro garantido pelo fenômeno dos neurônios-espelho. A convivência com outros traz alegria, diversidade de ideias, distração e até desafios, que são necessários para exercitar o cérebro e lidar com emoções importantes como a raiva, a frustração, etc.

E o sentimento de solidão, potencializa a depressão e o Alzheimer.

Sexto – Descansar mal.

Quem dorme mal, não descansa o corpo, não descansa a mente. Quem dorme mal, não permite que o cérebro passe por um processo necessário de higiene mental.

Dormir bem garante um “limpeza metabólica”, fundamental para a restauração diária do cérebro.

Sétimo – beber muito álcool e fumar.

Meu filho, que é médico, sempre diz: não existe um único paciente que deixaria de se beneficiar com a eliminação do álcool e do cigarro.

Ou seja, pra todo mundo, tirar o álcool e o cigarro significa melhorar a qualidade de saúde. E isso também vale para o cérebro.

O álcool afeta os neurônios e prejudica as extensões e ramificações do cérebro; noutras palavras, o álcool reduz a velocidade com que os impulsos nervosos são transmitido para o cérebro. E isso faz com o cérebro, aos poucos, seja danificado.

Já o fumo, faz o seguinte: quando uma pessoa fuma, a massa cinzenta do cérebro e a quantidade de oxigênio que chega até ela também são reduzidas.

Na prática, menos oxigênio, menos sangue circulando no cérebro, mais dificuldade para compreender e aprender.

Oitavo hábito – Comer alimentos ultraprocessados.

Do que estou falando? Salsicha, biscoito recheado, salgadinhos, barras de cereais, macarrão instantâneo, sopas de pacotinho e por aí vai…

Esses alimentos ultraprocessados e as gorduras saturadas obstruem as artérias. E isso prejudica a circulação do sangue pelo corpo, inclusive no cérebro.

Sem circulação adequada de sangue, temos condições favoráveis para a ocorrência de derrames cerebrais e, a longo prazo, para o desenvolvimento de demências, como a doença de Alzheimer.

E aí, você tem um desses oito hábitos?

Se tem, trabalhe isso aí, vença este hábito e ajude seu cérebro.

Não esqueça que nossa qualidade de vida também está atrelada à qualidade da mente, da nossa capacidade de pensar, aprender, manter memórias… enfim.

Não existe vitória sem esforço

Pode existir fracasso, mesmo depois de muito esforço. Mas vitória sem esforço não existe.

Se alguém não fez nada e ainda assim obteve êxito, certamente outra pessoa fez o trabalho duro. Mas o resultado positivo é construído por esforço. Alguém se esforçou.

Eu não estou dizendo que existe uma garantia de que todo esforço será premiado… Nem estou falando que todas as pessoas precisam se esforçar da mesma maneira, que a energia gasta e o tempo dedicado serão iguais para todos. Porém, bons resultados, em qualquer área da vida, demandam comprometimento com o objetivo a ser conquistado.

Por exemplo, dias atrás, ouvia o relato de uma conhecida que, durante três ou quatro meses, fez um tratamento para emagrecer. Ela e o marido gastaram uma pequena fortuna no tratamento dela.

Os primeiros resultados foram ótimos, impressionantes. Ela estava feliz da vida. Entretanto, todo o procedimento era a base de medicamento. Quando parou de usar o remédio, o que aconteceu? Depois de algumas semanas, voltou a engordar. E ganhou ainda mais peso.

Não estou aqui pra condenar o uso de medicamentos para emagrecer. Eles são úteis. Há situações em que são indicados. Porém, muita gente busca o medicamento porque este é o caminho mais fácil para obter o resultado desejado.

E quanta gente busca o caminho mais fácil em outras áreas da vida?

É compreensível querer o caminho mais fácil. O esforço implica em desgaste, dor, cansaço. O esforço demanda uma energia que é preciso tirar de outras coisas, muito mais prazerosas, para dedicar ao objetivo almejado.

Costumo brincar que com meus alunos que as redes sociais deles, as séries que assistem, são muito mais divertidas que minhas aulas, são muito mais alegradoras que os livros e exercícios que recomendo. Porém, com exceção dos casos em que as redes sociais e as séries nos canais de streaming fazem parte do trabalho deles, esses ambientes pouco vão favorecer aos objetivos e metas que possuem para suas vidas.

Por outro lado, o processo de aprendizado, que é entediante e cansativo, pode assegurar as referências de conhecimento que necessitam não apenas para o trabalho, mas para a vida.

Eu sempre acho graça quando alguém me diz: professor, você é tão inteligente.

Na verdade, essa afirmação guarda muito pouca verdade. Tudo o que escrevo, tudo o que falo, cada argumento que apresento em sala de aula ou para as pessoas que me acompanham no rádio e nas redes sociais… Tudo é resultado de muitos anos dedicados ao estudo. Não tem nada de excepcional; é cara enfiada nos livros, cursos feitos e muita disciplina.

Outro dia ouvi um atleta dizer que as dores fazem parte do dia a dia de quem pratica esportes. A dor é companheira do atleta. Se for evitada, o desempenho cai. Ele deixa de ser competitivo; o sofrimento físico é consequência da repetição de exercícios e, principalmente, da constante luta por mais força e melhor desempenho.

Recordo que, há pouco mais de 10 anos, meu filho disse: pai, estou decidido. Vou fazer Medicina.

Eu fiquei muito feliz. Mas tive que dizer pra ele:

Filho, você sabe… Eu não tenho condições de bancar uma faculdade particular. E nem de manter você fora de nossa cidade. Então você vai ter que passar na nossa universidade. Você vai ter que dar o seu melhor, não vai poder relaxar, mas eu acredito em você.

Ele passou. Mas estudava entre 12 a 16 horas por dia. E fez isso por cerca de 3 anos.

Quando foi tentar a residência em cirurgia, a situação foi bem parecida. E o resultado veio depois do esforço.

Hoje, noto que muita gente quer o resultado, mas não quer se dedicar.

O esforço é um processo normal. Mas tem gente que quer pular as fases.

Tem uma brincadeira num vídeo da internet que eu adoro. No vídeo, a pessoa reclama: tô pagando a academia há 3 meses, mas até agora não vi resultado. E aí do outro lado alguém pergunta: mas quando você tem vindo treinar?

Pagar a academia não traz resultado, se você não for fazer força, não dedicar tempo ao treino.

A vida funciona assim: ninguém faz pra gente aquilo que nos cabe fazer.

Quer montar um negócio? Precisa estudar, precisa planejar, precisa organizar as finanças e, depois de começar, vai trabalhar 12, 14 horas por dia pra fazer as coisas acontecerem.

Quer casar? Casa. Mas se não suar todos os dias para construir o seu relacionamento, não vai dar certo.

Esforço, gente. É claro que todo esforço, pra funcionar, precisa de método, de estratégia, mas se não houver disposição pra entregar o melhor de si para aquilo que você deseja fazer, as coisas não vão acontecer.

Seja para perder peso, vencer uma competição, aprender uma segunda língua, conquistar uma carreira ou ser feliz num relacionamento, sempre será necessário esforçar-se.

Ninguém chega ao topo sem vencer as barreiras que existem no caminho. Não há vencedor sem suor, sacrifícios e, por vezes, dor e lágrimas e dor.

A diferença entre alguém que realiza um sonho e outro que nunca o alcança muitas vezes está no grau de dedicação, na disposição que há de se pagar o preço.

Você faz o básico, o essencial para tornar saudável a convivência com outras pessoas?

Deixa eu explicar…

Esta semana, enquanto aplicava as provas numa turma da universidade, reparava alguns alunos que escreviam à lápis e, depois, com a borracha, apagavam, apagavam deixando a mesa muito suja.

Notei que dois ou três jogaram a sujeira no chão; outros deixaram na própria mesa. Mas teve uma aluna que, após entregar a prova, juntou toda a sujeira da borracha com as mãos. Fez um montinho, puxou no cantinho da mesa, aparou com uma das mãos e levou até o cesto de lixo. Só depois foi embora.

Fiquei pensando… Ela precisava fazer isto? Não. A universidade tem uma equipe de zeladoria que limpa as mesas, o chão. Porém, aquela jovem demonstrou saber bem de uma coisa: não é porque existe uma pessoa para limpar, que é preciso deixar tudo pra ela; dá pra facilitar, dá pra amenizar, dá pra tornar mais tranquilo o trabalho da outra pessoa.

E sabe de uma coisa? O que esta moça fez provavelmente aprendeu na casa dela. E reproduz fora dela.

Então como é aí na sua casa?

Depois do almoço, você leva o prato sujo na pia? Se dispõe a lavar?

Quando faz pipoca pra comer durante a série preferida, será que deixa a bacia suja, o copo de suco no sofá, no quarto?

E as roupas sujas, o que você faz com que elas? Coloca no lugar indicado?

Gente, um copo que você tira do lugar, só volta para o lugar adequado se alguém levar.

Eu confesso que, às vezes, esqueço as coisas fora do lugar. Porém, faço todo o possível pra não esquecer. E sabe por quê? Porque, se eu esqueço, alguém precisa fazer por mim. E ninguém tem a obrigação.

E aí na sua casa, mesmo que tenha uma pessoa pra cuidar, por que sobrecarregá-la?

Aquilo que, muitas vezes, começa em casa, se reproduz fora dela.

A pessoa usa o banheiro e não dá a descarga. Acaba o papel higiênico, não coloca outro no lugar e nem avisa que acabou.

Toma café e deixa a xícara suja na mesa do escritório.

Este tipo de comportamento indica que a pessoa só pensa nela.

O que dizer de alguém que, do carro, joga a garrafinha de água ou uma latinha pela janela na rua?

E as pessoas que vão à praia e deixam sacolas, garrafas e outros resíduos na areia?

Quem age assim, age como se tivesse alguém pra limpar a sujeira dela.

E é fato que alguns ambientes contam com profissionais para isso. Porém, nem sempre esses profissionais estão ali.

Quando negligenciamos pequenas tarefas, como jogar lixo no local apropriado ou manter espaços compartilhados limpos, estamos escolhendo o caminho da indiferença e da desconsideração.

Estamos falando: “O meu conforto é mais importante do que o bem-estar dos outros”. Isso é desdém. Isso é indiferença. É uma declaração do tipo “eu não me importo com o outro”.

A gente fala muito sobre nossos “direitos”, sobre cidadania, mas a civilidade se revela na preocupação e cuidado com o básico, com o essencial para tornar saudável a convivência com o outro.

Que tipo de pessoa queremos ser? Aquela que espera que outros limpem nossas bagunças, ou aquela que contribui ativamente para um ambiente mais limpo, agradável, organizado?

Talvez não seja a nossa função limpar o chão, mas nada justifica que a gente jogue lixo no chão.

Talvez não seja nossa função lavar a louça, mas nada justifica que a gente não leve o copo sujo na pia.

É o básico, mas mostra respeito pelo outro; mostra, antes de tudo, boa educação.

Pegou a ideia?

Não sejamos aqueles que apenas passam pelo mundo. Sejamos aqueles que tornam o mundo melhor – começando pelo ambiente onde estamos, pelos nossos espaços de convivência; não por obrigação, mas porque entendemos o valor de viver em uma sociedade onde o respeito e o cuidado são recíprocos.

Quem não sabe o que quer, vive uma vida sem rumo

Quem não sabe o que quer, vive uma vida sem rumo, vive uma vida vazia.

Nos últimos episódios, falei sobre a importância de vivermos uma vida consciente. Partindo de um conceito ético, filosófico, “faça o que você quiser”, destaquei que existe uma diferença entre responder as nossas vontades e agir de acordo com o querer, pensado, refletido, dentro de um propósito.

Porém, fiquei triste ao receber alguns recados. Dois, em particular, chamaram minha atenção.

Uma mulher me disse de forma bem direta: “eu não sei o que quero pra minha vida”.

Já um homem, mandou um texto longo e, no final, falou que ele olha pra si e se sente confuso. Então me questionou: onde encontro a resposta para saber o que quero pra mim? Como posso saber o que quero pra minha vida?

Será que você se sente assim?

Eu acho que estou falando agora com muita gente que vive segundo as suas vontades, porque não sabe o quer pra vida.

Se você vive assim, eu vou te dizer uma coisa: nem Deus vai responder as perguntas pra você.

Em Deus, nós encontramos qual o propósito dEle para nós, mas quem vai dizer se o propósito de Deus é o mesmo propósito seu, é você.

E mesmo que você diga que vai viver o propósito de Deus pra sua vida, só você pode dizer como você vai viver este propósito.

Deixei você confuso/a?

Então vamos lá… Primeiro, o propósito de Deus para nós é vivermos para a glória dEle. Nós existimos para a alegria do Senhor.

Semelhante a um artista que produz uma obra-prima para a sua própria alegria, Deus nos fez para a glória dEle.

E aos nos fazer para a glória dEle, Deus nos deu algumas referências de como viver. Porém, Ele também nos deu liberdade. E, por isso, ainda que você queira honrar o Senhor, a vida é sua. E você escolhe como vai honrá-lo.

Só você pode responder o que você quer pra você.

Por isso, viver uma vida ativa, uma vida plena, uma vida consciente é tão desafiadora. Requer um movimento que não gostamos muito de fazer: olhar para nós mesmos e assumirmos o protagonismo da nossa história.

A falta de clareza em seu propósito deixa a vida vazia. E ninguém pode responder por você o que você quer pra você. E em nenhum lugar haverá esta resposta, ou uma receita de como descobrir o que você quer pra sua vida.

Você precisa olhar pra você, investigar seu coração.

E se não encontrar respostas para seu propósito, sinto dizer, mas você está apenas passando os dias na terra, esperando a morte chegar.

Mas eu quero finalizar com duas sugestões:

Primeira, ao buscar entender o que você quer pra você, olhe as questões essenciais. Tipo: como eu quero que seja minha saúde, como quero que seja a minha família, como desejo construir minha carreira, como gostaria que viver minha religiosidade, minha espiritualidade?

Faça esta reflexão pessoal. Vai anotando. Você vai criar algumas referências. E, a partir destas referências, poderá agir de acordo com o que você quer para cada área de sua vida.

Segunda sugestão: para o propósito maior de vida, aquele que dá sentido aos nossos dias, recomendo o que disse Jesus – viva para servir. Não importa onde você, o que você faz, se você tenta facilitar a vida das outras pessoas, tornar o dia de alguém melhor, você cumpre o maior dos propósitos. A nossa vida se justifica quando somos bênção para alguém.

Viva uma vida alinhada aos seus propósitos

Entender a diferença entre “fazer o que você quiser” e “fazer o que dá vontade” pode ser determinante pra realização dos seus sonhos.

“Fazer o que quiser” implica numa ação racional, pensada, refletida; “fazer o que dá vontade” é a resposta a um estímulo, a um impulso emocional, a um desejo.

Quando questionei aqui “você sabe o quer”, algumas pessoas me questionaram:

– Prof, achei interessante a ideia, mas não consegui entender bem como aplicar isso no dia a dia.

Então vamos lá…

Primeiro, na filosofia, o “querer” é um ato responsável; resultado de um processo de avaliação consciente. Um olhar para si e para o outro a fim de entender as possíveis consequências das atitudes e escolhas.

Por exemplo, quando a nossa mãe coloca aquele pudim maravilhoso na mesa… Ou o pote de sorvete… Como você reage?

Eu confesso que, diante do pudim, gostaria de comer, sozinho, metade do pudim.

Mas eu como? Não, não como.

Por quê? Porque eu quero ter uma vida minimamente saudável e, nos meus 1m80, não sair da casa dos oitenta e poucos quilos. Então é um pedaço só e tudo certo.

Outro exemplo… Domingo, minha vontade é acordar, tomar meu café e sentar no sofá. Mas lembra do que eu quero? Vida minimamente saudável e controle do peso. E também quero envelhecer com força nas pernas. Por isso, domingo é dia de academia, de musculação.

Tá entendendo?

Vez ou outra, pergunto aos meus alunos na universidade: Vocês sabem o querem? Quem sabe o quer, está em sala de aula hoje e está construindo a sua jornada profissional. Talvez em três ou quatro anos, estarão empreendendo, abrindo uma agência de comunicação, um serviço de assessoria…

Aqueles que não sabem o quer, atendem suas vontades. A vontade de sair da sala e fumar um cigarro, a vontade de ir à praça de alimentação da universidade e comer um cachorro quente… E não constroem o futuro.

Quem sabe o que quer, vê a vida a médio e longo prazos; quem faz apenas aquilo que dá vontade, pode se divertir hoje, mas colhe amanhã aquilo que plantou. E se nada plantou, nada terá para colher.

Por isso, é fundamental que tenhamos uma atitude consciente diante da vida. O que eu quero da minha vida?

Saber o que quero da minha vida me leva a fazer as escolhas certas.

Eu acho – pelo menos acho – que quase todo mundo quer ter uma família feliz. Então, pra um jovem que sabe o quer, faz sentido “namorar só pra passar o tempo”?

Eu acho que todo mundo quer ter bons resultados na vida profissional. Então o que é preciso pra isso?

Gente, é evidente que tudo o que a gente quer demanda uma atitude responsável, comprometida.

Tempos atrás, eu perguntei aqui: você é comprometido com seus planos?

Quando a gente sabe o que quer, a gente não cede às vontades. A gente mantém os olhos fixos no alvo.

Uma vez eu escutei uma frase do técnico Bernardinho que aplico noutros campos da minha vida. Ao falar sobre as equipes de vôlei que comanda, o Bernardinho disse:

– Um dia que você não treina, é um dia que você não recupera. E se o adversário treinou, ele está na sua frente.

Então funciona assim: no casamento, um dia que você negligenciou a sua esposa, o seu marido, é um dia que você perdeu para investir na relação.

Um dia que você não brincou com seu filho, é um dia que você não terá de volta pra estar com ele.

Um curso que você adiou pra fazer no ano que vem, é uma oportunidade que você pode ter perdido de criar conexões, de ter um insight para um empreendimento inovador ou mesmo uma promoção que você poderá perder.

Portanto, tenha clareza sobre o você quer. E tome suas decisões de forma coerente, alinhadas com o que corresponda aos seus propósitos de vida.

Você sabe o que quer pra você?

Ei, escuta o Ronaldo: você sabe o que quer?

Lendo o livro do Fernando Savater, “Ética para meu filho”, encontrei um princípio interessante e bastante desafiador.

Segundo o escritor espanhol, o mais importante princípio ético deveria ser “faça o que quiser”.

Porém, ele esclarece: “faça o que quiser” é diferente de “faça o que está com vontade”.

A vontade está no campo dos desejos, daquilo que nossos instintos, nossas emoções pedem.

O querer está relacionado a uma atitude racional, de boa escolha.

Vontade e querer geralmente entram em conflito, quando analisamos com atenção o que acontece conosco.

Um exemplo bem básico: a vontade pode ser de comer uma barra inteira de chocolate, mas o querer pode ser de ter uma vida fitness, saudável e com menos açúcar.

A vontade, neste exemplo, é uma reação imediata; o querer considera a longo prazo – o que, de fato, queremos para a nossa vida e não apenas para o momento presente.

O problema é que temos muita dificuldade para identificar o que realmente queremos. Geralmente, por falta de um olhar mais atento para a vida, somos movidos por nossas vontades e o que queremos é ignorado.

Quantos homens e mulheres querem ter um relacionamento feliz, mas cedem à vontade do sexo com uma pessoa diferente e, por conta da traição, destroem seus sonhos?

Por isso, saber o que a gente quer é determinante para a nossa felicidade, para ter a vida boa que desejamos.

O economista comportamental Dan Arielly, no livro Previsivelmente irracional, relaciona inúmeras pesquisas que comprovam que somos pessoas que geralmente negligenciamos as boas escolhas em nome de nossos desejos imediatos.

Dan Arielly cita um estudo realizado anos atrás nos Estados Unidos. Este estudo observou que o maior assassino nos Estados Unidos não é o câncer nem a doença cardíaca, tampouco o tabagismo ou a obesidade. É a incapacidade de fazer escolhas inteligentes e de superar os próprios comportamentos autodestrutivos.

A pesquisa estima que cerca de metade das pessoas tomará uma decisão sobre seu estilo de vida que acabará levando-a prematuramente ao túmulo.

Como se isso já não fosse bastante ruim, parece que o ritmo em que tomamos essas decisões mortais vem aumentando de forma alarmante.

Porém, penso que as más escolhas e os comportamentos autodestrutivos acontecem em todos os aspectos da vida.

Ainda esta semana, vi uma foto no Instagram que me fez pensar sobre este tema. Uma ex-aluna aparecia em lágrimas reclamando da sua condição atual.

Eu não conheço tudo sobre ela. Mas, em resumo, sei que há uns cinco anos, o pai dela morreu e deixou uma herança para ela.

A jovem, de posse do dinheiro, rompeu o relacionamento com a mãe, comprou um carro zero quilômetro, alugou uma boa casa e passou a viver a vida que ela sonhava.

Esta jovem tem personalidade muito forte. Ela não para nos empregos, não preserva as amizades, todo mundo tem algum defeito e ela acha que o mundo está sempre conspirando contra ela…

Enfim, esta moça está muito perto de ter que viver nas ruas. Está magra, doente e ainda não conseguiu entender que o problema são as escolhas que tem feito. Ela tem rejeitado inclusive as tentativas de reaproximação feitas pela mãe.

Lembra da perguntinha que fiz no começo? Você sabe o quer?

Saber o que você quer pra sua vida define as suas ações, norteia as suas escolhas.

Talvez você tenha vontade de se divertir, mas você quer magoar, ofender, se perder?

Como temos dificuldade para enfocar os benefícios de longo prazo, precisamos examinar com mais atenção as nossas escolhas.

E reparar se elas são coerentes com nosso propósito, com nossos sonhos.

Viver apenas atendendo nossas vontades não nos leva para bons lugares. Nossas vontades geralmente levam a problemas de saúde – como obesidade, diabetes, hipertensão…

Nossas vontades levam ao comportamento do tipo “bateu-levou”, à ausência de conexões, ao sexo sem compromisso…

Por outro lado, quando a gente sabe o que quer, a gente silencia pra não magoar, a gente não come tudo que dá vontade, a gente foge das tentações…

Quando a gente sabe o que quer, a gente planta hoje, para colher depois – e isso no relacionamento, mas também no mundo do trabalho e na nossa espiritualidade.

Portanto, pare, pense… O que você quer pra você? Qual vida você deseja? O que você precisa fazer para ter a vida que você sonha ter?

Sejam misericordiosos, assim como seu Pai é misericordioso

Este é o texto de Lucas 6:36

Dias atrás, eu falei aqui que tenho dificuldade para entender como Deus vai transformar nosso caráter a ponto de nos permitir entrar no reino dos Céus.

Quem crê na Bíblia, acredita que seremos transformados. Mas se nosso coração não for bom, não tem espaço pra nós no reino dos Céus.

Por isso, a nossa condição de vida hoje aponta para o nosso futuro. Se nossas obras não refletem a fé que professamos, há um descompasso entre aquilo que dizemos crer e aquilo que vivemos.

E, nas palavras que citei, palavras do próprio Jesus, temos uma orientação e também uma certeza que nos enche de esperança.

Jesus diz: sejam misericordiosos como seu Pai é misericordioso.

Então, vamos pensar juntos no que seria ser misericordioso.

Penso que a primeira coisa que precisamos entender é que Jesus nos convite a imitar as qualidades do próprio Deus – a compaixão e a bondade do nosso Pai, que está no Céu.

E como a gente pode viver isso?

Acho que o primeiro passo é reconhecer a humanidade que existe em todos nós. Somos todos iguais. As diferenças que existem foram criadas por nós – não por Deus.

Nós produzimos as diferenças. Nós estabelecemos distinções, hierarquias. Deus não.

Então o primeiro passo é reconhecer que, mesmo atrás daquele criminoso cruel, daquele político corrupto ou daquele poderoso arrogante existe um humano carente de Deus e de seu amor, alguém que também merece a misericórdia, a graça que perdoa.

O segundo passo é entender que a misericórdia não diz respeito apenas aquilo que entendemos como vida espiritual. Na verdade, uma vida espiritual não está separada da vida prática, no trabalho, nos relacionamentos, na escola, nos momentos de diversão ou em qualquer outro espaço.

Por isso, a misericórdia também pode ser traduzida na empatia, na compaixão, no cuidado, no estender a mão… A misericórdia se revela no perdão, mesmo quando não há merecimento naquele para quem se estende perdão. Isso é misericórdia.

Quando Jesus fala de misericórdia e aponta para Deus, Ele sugere que a misericórdia é um ato constante, incondicional. Esse tipo de misericórdia desafia os padrões humanos, frequentemente limitados por condições ou expectativas.

Ao pedir que sejamos misericordiosos como o Pai, Jesus está incentivando uma abordagem radical à forma como tratamos os outros, promovendo um ambiente de aceitação e amor incondicional.

Isso nos leva a refletir sobre o valor dos pequenos atos de misericórdia… Podemos ser mais compreensivos com as dificuldades do outro… Podemos apoiar alguém em seu tempo de crise… Podemos tentar entender antes de julgar… Ou simplesmente, podemos não julgar.

Agora pensa só no efeito da misericórdia em nossos dias… Consegue imaginar o que seria o mundo se fôssemos misericordiosos como Deus é conosco?

Mas eu disse que as palavras de Jesus trazem uma orientação e também esperança, lembra?

Pois é… Jesus nos pede pra sermos misericordiosos. Mas quando Ele cita que o Pai é misericordioso, meu coração se acalma.

E eu fico em paz porque posso contar com a misericórdia Dele, porque posso ter a certeza que, quando eu falhar, Ele ainda assim não vai me abandonar. Deus vai continuar me estendendo misericórdia – basta eu aceitar.

A misericórdia é isso: um ato da graça. Deus estende misericórdia para nós, como nós devemos estender aos outros.

Tanto na nossa relação com Deus como na nossa relação com os outros, a misericórdia é um presente. E sendo um presente, cabe a quem está sendo presenteado receber ou não o presente.

Amém?

Sejamos misericordiosos como o nosso Pai é misericordioso conosco.

Que Deus nos abençoe!